A indicação de condutor é um procedimento importante para que o proprietário de um veículo possa transferir a responsabilidade por uma infração de trânsito para a pessoa que estava dirigindo no momento da ocorrência. Esse procedimento permite que os pontos da infração sejam lançados na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) do condutor real, e não do proprietário do veículo, garantindo que a responsabilidade recaia sobre a pessoa que efetivamente cometeu a infração.
No entanto, existem situações em que o proprietário perde o prazo para fazer essa indicação, o que pode resultar na aplicação dos pontos em sua própria CNH. Nesses casos, é possível recorrer tanto administrativamente quanto judicialmente para tentar reverter a situação. Este artigo explica como funciona a indicação de condutor, os procedimentos para a indicação judicial e as principais normas que regulam essa prática no Brasil.
O Que é a Indicação de Condutor?
A indicação de condutor é o procedimento pelo qual o proprietário de um veículo identifica quem estava dirigindo no momento de uma infração de trânsito. Esse processo é fundamental para garantir que os pontos de infração sejam atribuídos corretamente, uma vez que, segundo a legislação de trânsito, os pontos decorrentes de infrações devem ser aplicados ao condutor que cometeu a infração.
Procedimento para Indicar o Condutor
Quando ocorre uma infração de trânsito e o veículo não é parado no momento (infrações registradas por radar, por exemplo), o proprietário do veículo recebe uma notificação de autuação. Essa notificação inclui um formulário que permite a indicação do condutor responsável. Para indicar o condutor, o proprietário deve preencher esse formulário com os dados do motorista que estava ao volante, incluindo nome completo, número da CNH e assinatura, e enviar para o órgão de trânsito responsável.
O prazo para fazer essa indicação varia entre 15 e 30 dias, dependendo do órgão de trânsito e da notificação recebida. Se o proprietário não indicar o condutor dentro desse prazo, os pontos da infração serão lançados na sua própria CNH.
O Que Fazer se Perder o Prazo para Indicação de Condutor?
Caso o proprietário do veículo perca o prazo para indicar o condutor, ele ainda tem alternativas para tentar regularizar a situação. As principais opções incluem o recurso administrativo junto ao órgão de trânsito e, caso esse recurso não seja bem-sucedido, o recurso pela via judicial.
Recurso Administrativo
No recurso administrativo, o proprietário deve apresentar uma defesa junto ao órgão de trânsito, explicando os motivos pelos quais não foi possível fazer a indicação do condutor dentro do prazo estabelecido. Essa defesa deve ser bem fundamentada, incluindo documentos que comprovem as circunstâncias que impediram o cumprimento do prazo, como atestados médicos, comprovantes de viagem, entre outros.
O órgão de trânsito avaliará o recurso e, se considerar as justificativas válidas, poderá aceitar a indicação do condutor mesmo após o prazo. No entanto, a aprovação desse recurso não é garantida e depende das normas e do entendimento do órgão responsável.
Recurso Judicial
Se o recurso administrativo for negado, o proprietário pode recorrer à via judicial para tentar transferir a responsabilidade pela infração. Nesses casos, é recomendável contar com a assistência de um advogado especializado em direito de trânsito, que poderá apresentar uma ação judicial para solicitar a retificação do responsável pela infração.
Legislação Sobre a Indicação de Condutor
A indicação de condutor está regulamentada pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e por resoluções do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN). A seguir, destacamos alguns dos artigos mais relevantes para o entendimento dessa questão.
Artigo 257 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB)
O artigo 257 do CTB dispõe sobre a responsabilidade por infrações de trânsito e define que a responsabilidade recai sobre o condutor quando identificado. No entanto, se o condutor não for identificado, a responsabilidade passa para o proprietário do veículo.
Quando o proprietário é uma pessoa jurídica, o artigo 257 estabelece que a indicação do condutor é obrigatória, e que a ausência dessa indicação implica em uma multa adicional pela não identificação do condutor infrator.
Artigo 281 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB)
O artigo 281 do CTB regulamenta o processo administrativo para imposição de penalidades e garante ao proprietário do veículo o direito de apresentar defesa e indicar o condutor infrator dentro dos prazos estabelecidos. Caso o órgão de trânsito não respeite o prazo para julgamento de infrações ou para resposta ao recurso, a autuação pode ser arquivada.
Resolução CONTRAN 171
A Resolução 171 do CONTRAN especifica as normas para a indicação de condutor, incluindo o procedimento obrigatório para veículos de propriedade de pessoas jurídicas. Essa resolução é fundamental para empresas, que devem indicar o condutor responsável por cada infração cometida com seus veículos. A não indicação do condutor em veículos de pessoas jurídicas resulta em uma multa adicional com valor multiplicado pelo número de vezes que a infração ocorrer sem identificação.
Indicação Judicial do Condutor: Quando é Necessária?
A indicação judicial do condutor é uma alternativa utilizada quando o proprietário perde o prazo para fazer a indicação por meios administrativos e quando o recurso junto ao órgão de trânsito é indeferido. Essa via pode ser necessária em casos específicos, como:
- Situações em que o proprietário estava impossibilitado de realizar a indicação no prazo por motivos de saúde, viagens ou outras circunstâncias justificáveis
- Quando o órgão de trânsito se recusa a aceitar a indicação, mesmo com a apresentação de justificativas válidas
O processo judicial é uma alternativa mais complexa e, por isso, deve ser utilizado quando as tentativas administrativas foram esgotadas. A indicação judicial pode garantir que a responsabilidade pela infração seja corretamente atribuída, evitando que o proprietário seja penalizado indevidamente.